Mia Couto: representação e subalternidade, em Mulheres de cinza
DOI:
https://doi.org/10.37508/rcl.2021.n45a426Palavras-chave:
Representação, Subalternidade, heterogeneidade;, suspensão, neutro, testemunharResumo
A nossa leitura incide sobre: a) a representação da subalternidade em Mulheres de Cinza; b) as implicações de sentido do complexo processo de nomeação da voz narradora de Imani, transversal à trama ficcional dos três romances de As Areias do Imperador. Parte, com esse propósito, da ponderação do duplo sentido de «representação» em Can the Subaltern Speak?, de Gayatri Spivak, analisando: a) a forma como aí se alinham os pressupostos de O 18 do Brumário de Louis Bonaparte, de Karl Marx, e de A Questão Meridional, de Antonio Gramsci, na descrição do seu conceito de subalterno; b) a forma como, em Mulheres de Cinza, se projeta a sua configuração do subalterno como excluído. Fá-lo pondo a descoberto quer a instância do neutro, de que nos fala Maurice Blanchot – em L’entretien infinit... –, quer a da singularidade, tal como Spivak a desdobra em An Aesthetic Education in the Era of Globalization – lidos como investidos numa das fábulas com as quais Mia Couto os alegoriza.
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