Vi, claramente vista, a vida: os clássicos na obra de Camões
DOI:
https://doi.org/10.37508/rcl.2025.nEsp.a1368Palavras-chave:
Poesia e conhecimento, Antigos e modernos, Camões, Experiência, Poesia e filosofiaResumo
Como qualquer homem cultivado da sua época, Luís de Camões conhece e admira os Antigos e neles reencontra temas e perspectivas que pedem constante leitura. No entanto, a consciência de viver novos tempos leva-o a não subordinar a sua admiração à reinstauração de ideais já vividos: as respostas que neles encontra não o satisfazem completamente, tanto no campo da ciência e da interpretação do mundo físico, como no da concepção do homem e da sociedade. À semelhança dos “rudos marinheiros” ou do “experto capitão” que n’Os Lusíadas observam realidades estranhas que não compreendem, mas que todavia sabem existir, também Camões afirma a verdade dos casos desencontrados da sua vida, em tudo diferente dos ensinamentos dos “antigos filósofos”. Nesta exposição, valoriza-se a integração da obra camoniana num momento crítico de articulação entre a consciência do valor do indivíduo e a dignificação da Poesia. A sistematização filosófica não oferece a Camões a unificação da experiência pessoal de forma a justificar o infortúnio pessoal: é a Poesia que lhe abre portas ao conhecimento da natureza humana, e impõe aos homens “de juízo mais inteiro” a coerência de atitudes complexas e até contraditórias.
Downloads
Referências
CAMINHA, Pedro de Andrade. Poesia. vol. II de Vanda Anastácio, Visões de Glória (uma introdução à poesia de Pedro de Andrade Caminha). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian / Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, 1998.
CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. Edição organizada por Emanuel Paulo Ramos. Porto: Porto Editora, 1975.
CAMÕES, Luís de. Rimas. Texto estabelecido, revisto e prefaciado por Álvaro Júlio da Costa Pimpão. Coimbra: Almedina, 1994.
CASTANHEDA, Fernão Lopes de. História do descobrimento e conquista da Índia pelos portugueses. Introdução e revisão de M. Lopes de Almeida. Porto: Lello & Irmão – Editores, 1979. (2 v.).
CASTRO, Aníbal Pinto de. “Camões, poeta pelo mundo em pedaços repartido”. In: CASTRO, Aníbal Pinto de. Páginas de um honesto estudo camoniano. Coimbra: Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos, 2007. p. 12-29.
EARLE, Thomas. A portuguese sonnets sequence of the sixteenth century.
Bulletin of Hispanic Studies, n. 63, p. 225-34, 1986. DOI: https://doi.org/10.1080/1475382862000363225
FRAGA, Maria do Céu. “Camões. Entre os antigos e os modernos”. In: SOUSA, Carlos Mendes de; PATRÍCIO, Rita (org). Largo mundo alumiado: estudos em homenagem a Vítor Aguiar e Silva. Braga: Centro de Estudos Humanísticos, 2004. v. 2, p. 785-795.
MARNOTO, Rita. O Petrarquismo Português do Renascimento e do Maneirismo. Coimbra: Acta Universitatis Conimbrigensis, 1997.
MOURA, Vasco Graça. “Vi claramente visto ou Camões e D. João de Castro”. In: MOURA, Vasco Graça. Os Penhascos e a Serpente e outros ensaios camonianos. Lisboa: Quetzal, 1987. p. 135-62.
ORTA, Garcia da. Colóquios dos Simples e Drogas da Índia. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2011. v. 1 [1ª publicação, 1563].
PIMENTEL, Cristina. “A verdade que eu conto, nua e pura”: a presença dos clássicos graco-latinos em Camões. In: FRAGA, Maria do Céu et al. (coord.). Os Lusíadas na escola e na sociedade. 450 anos. Ponta Delgada: Letras Lavadas – Centro de Estudos Humanísticos da Universidade dos Açores, 2024. p. 35-49.
VIEIRA, Padre António. Sermões. Edição crítica. Dir. científica de Arnaldo Espírito Santo. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2008. vol. I.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Maria do Céu Fraga

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição NãoComercial (CC-BY-NC 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
A Revista Convergência Lusíada utiliza uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.