Releituras oitocentistas de Camões

Autores

DOI:

https://doi.org/10.37508/rcl.2025.nEsp.a1359

Palavras-chave:

Romantismo, António Feliciano de Castilho, escritoras portuguesas, A abóbada, Alexandre Herculano

Resumo

O século XIX alçou a figura de Luís de Camões a um nível escultural, como já indicava Teófilo Braga antes ainda das comemorações do tricentenário. Desde Bocage e Garrett, diversos escritores buscaram se associar a esse poeta. Neste artigo, proponho-me a analisar alguns aspectos recorrentes que marcaram a construção desse ideal a partir de algumas construções ficcionais de Camões no romantismo português para examinar seu uso muito além de simples personagem escultural. Para isso, detenho-me em textos menos conhecidos hoje em dia, mas de grande divulgação em seu tempo. Trato de duas obras de António Feliciano de Castilho, de um poema da poetisa Maria Adelaide Fernandes Prata, além de uma narrativa de Alexandre Herculano. Assim, espero conseguir mostrar como se tornou recorrente a ideia de que para ser como Camões era necessário ter defendido e cantado a pátria. Isso impediria a associação plena de escritoras com o vulto camoniano. Por outro lado, permitiu que Herculano, por ter sido também soldado e poeta, cantasse e contasse Portugal em diferentes gêneros, com a liberdade estética que preconizava, associando a sua ima- gem à do autor d’Os Lusíadas, mesmo sem se referir diretamente a ele ou a sua obra.

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Biografia do Autor

Eduardo da Cruz, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)/CNPq/Faperj

Professor associado de Literatura Portuguesa no Instituto de Letras da UERJ, doutor em Estudos de Literatura (Literatura Comparada) pela UFF, mestre em Ciência da Literatura (Teoria Literária) pela UFRJ, realizou estágio de pós-doutorado na FFLCH/USP. É bolsista em produtividade do CNPq, procientista da UERJ, e Cientista do Nosso Estado da Faperj. É líder do grupo Pesquisas Literárias Luso-Brasileiras, do Real Gabinete Português de Leitura, pesquisador do grupo ARS – Arte, Realidade, Sociedade (FBN) e da Cátedra Garrett (UERJ), bem como investigador colaborador do CEC – Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa.

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Publicado

2025-06-22

Como Citar

da Cruz, E. (2025). Releituras oitocentistas de Camões. Convergência Lusíada, 36(Esp.), 180–199. https://doi.org/10.37508/rcl.2025.nEsp.a1359