“Criar as imagens com a pele”: o gesto como processo de leitura háptica na experienciação de obras literárias digitais

Autores

  • Diogo Marques FLUC – Universidade de Coimbra

Resumo

A gradual substituição de interfaces mecânico-electrónicas pelo contacto tátilo-háptico com o ecrã, através de mãos, dedos e, em determinados casos, todo o corpo biológico, acarreta consigo uma série de toques e gestos literais com influência evidente no modo como lemos e escrevemos em ambientes multimodais digitais. Fazendo uso de uma retórica com base em qualidades perceptivas como “transparência” e “suavidade”, esta redução protética parece dar continuidade a um desejo ancestral imediato e não mediado de acesso ao conhecimento. Por outro lado, e de modo paradoxal, ela acaba por reforçar aquilo que à primeira vista parece contrariar: o domínio secular da visualidade propulsionado pelo paradigma de Gutenberg e um entendimento de leitura enquanto processo mormente visual. É com base nas aproximações e afastamentos que paradoxos como o acima referido despoletam que me proponho analisar neste artigo as noções de toque e de gesto, na sua relação com os processos de escrita e leitura. Como forma de sustentar o argumento delineado utilizar-se-á como exemplo particular o caso do Experimentalismo Português, cujas preocupações intermediais, cibertextuais e intersensoriais continuam hoje a despoletar renovadas leituras nas transações e interseções entre literatura e digital. Por fim, dar-se-á especial destaque à confluência de gestos “analógicos” com gestos “digitais”, enquanto característica singular dos processos de leitura háptica que decorrem de manipulações atuais e virtuais do texto na obra literária digital.

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Publicado

2017-05-18

Como Citar

Marques, D. (2017). “Criar as imagens com a pele”: o gesto como processo de leitura háptica na experienciação de obras literárias digitais. Convergência Lusíada, 27(35), 69. Recuperado de https://convergencialusiada.com.br/rcl/article/view/7

Edição

Seção

VARIA