O ceticismo n’Os Maias (1888), de Eça de Queirós
DOI:
https://doi.org/10.37508/rcl.2022.n47a487Palavras-chave:
Os Maias, Eça de Queirós, Literatura Comparada, Ceticismo, Literatura PortuguesaResumo
O presente artigo tem como objetivo investigar a presença e a importância do ceticismo filosófico no romance Os Maias (1888) e, de forma mais abrangente, na mundividência queirosiana, utilizando uma abordagem comparatista para explorar a correlação entre literatura e filosofia. Buscamos, dessa forma, consolidar uma interpretação menos rígida e dogmática das obras de Eça, buscando reparar a desvalorização do ceticismo queirosiano, para o que Helder Garmes chama a atenção na comunicação “Leituras marxistas da obra de Eça de Queirós” (2003), bem como apresentar uma leitura alternativa à “tese do regresso”, combatida por Orlando Grossegesse, no artigo “Não há regresso. Do sentido evolutivo do ‘primeiro Eça’” (2006/7). Assim, pretendemos demonstrar a hipótese de que o romance Os Maias antecipa características do período que Gustavo Bernardo Krause, n’A ficção cética, chamou de “centúria da incerteza” (2004). Devido à riqueza e complexidade dessa obra, resultante de um longo processo de gestação e escrita, é possível observar nela, a partir das escolhas do autor implícito, a presença de uma inteligência organizadora estruturada de maneira análoga ao ceticismo filosófico enquanto modo de pensar, o que se manifesta de variadas formas e se dissemina em todas as camadas da narrativa, sempre colocando em evidência dualidades, impasses, dúvidas, incertezas e paradoxos inerentes à natureza humana e aos seus desdobramentos sociais.
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