José Craveirinha e a declaração da identidade moçambicana

  • Vanessa Pincerato Fernandes UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso
  • Marinei Almeida UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso
Palavras-chave: espaço, subúrbio, cidade.

Resumo

Na poética de Craveirinha, há uma tensão enunciativa que traz vozes silenciadas de um país colonizado, sofrido, sobretudo injustiçado. A partir disso, buscamos refletir a representação do espaço na obra referida, de forma que a cidade e o subúrbio estão diretamente ligados, pois o subúrbio é um espaço que se constitui dentro da cidade, a qual é considerada por Macedo (2008) como espaço literário, como lugar de encontros e desencontros do contraditório. Assim, em Karingana ua Karingana, temos esses espaços contradizendo-se e apresentando contrastes evidentes e marcantes. Nesse sentido, nossa proposição centra-se na análise de poemas da obra escolhida, do poeta moçambicano José Craveirinha, por meio de reflexões que discutirão a representação desses espaços (cidade/subúrbio), uma vez que o bairro de cimento é visto como lugar de exploração, de sofrimento, de denúncia em meio à crítica ao regime colonial por um processo de produção das diferenças em um mundo onde o espaço social, cultural e econômico estão interligados.

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Biografia do Autor

Vanessa Pincerato Fernandes, UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso

Graduada em Letras pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e mestra em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Marinei Almeida, UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso

Fez doutorado (2008) e mestrado (2002) em Letras (Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa) pela Universidade de São Paulo. É graduada em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa e suas respectivas literaturas) pela Unemat (1996). Realiza atualmente estágio de pós-doutorado na Universidade de Lisboa/UL (2018/2019). É professora (desde 1997) na Unemat.

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Publicado
2019-12-29
Como Citar
Fernandes, V. P., & Almeida, M. (2019). José Craveirinha e a declaração da identidade moçambicana. Convergência Lusíada, 30(42), 338-351. https://doi.org/10.37508/rcl.2019.n42a287