Sob o signo da morte do Pai. A psicose de João José Dias em O Que Fazem Mulheres
Abstract
No imaginário da ficção oitocentista camiliana, o Brasil, por interposta presença do afortunado brasileiro de torna-viagem, é visto um tanto depreciativamente. Este tipo de protagonista é, pois, evocativo de um patriarca preconceituoso e cheio de prosápia, muitas vezes ridículo e, por extensão, grotesco (como é o caso, a título de exemplo, de João José Dias, em O Que Fazem Mulheres); e ainda, como seria de esperar, de um patriarca capitalista desprovido da afetividade sentimental (típica dos heróis românticos que pululam nas novelas de Camilo, como sabemos).
Todavia, confinar a imagem camiliana do Brasil a este tipo de figuras não pouco broncas e pacóvias é empreender, em boa verdade uma leitura assaz parcial, quando não superficial, da relevância que o imaginário do Brasil detém na ficção novelesca de Camilo Castelo Branco. Isso mesmo nos propomos mostrar. Para tanto, focaremos a nossa atenção em protagonistas tão diversos como o Doutor Francisco Alpedrinha (A Filha do Doutor Negro), Marta de Prazins (A Brasileira de Prazins) ou ainda Ifigénia (A Queda Dum Anjo), entre outros. Cada uma destas personagens, a seu modo, comprova uma singularização do Brasil, o que diz bem do modo múltiplo e, convirá sublinhar, complexo como Camilo elabora as suas personagens brasileiras. Desta forma se concluirá que a imagem do Brasil na literatura camiliana não é, em bom rigor, passível de se conformar a uma visão meramente negativa (e monolítica). Antes pelo contrário. Camilo coloca personagens brasileiras em contextos estratégicos nas suas novelas, isto é, em lugares onde a atuação de tais personagens se vem a revelar, ao fim e ao resto, decisiva no âmbito da economia do enredo e do seu desfecho. Exemplos suficientes disso não faltam na novela camiliana, como procuraremos evidenciar.
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