The female point of view of the legend of Olisipo in the writing of Natália Correia and Dulce Maria Cardoso

Keywords: Natália Correia, Dulce Maria Cardoso, Fundamental myth, Cultural memory, Olisipo

Abstract

Associating the name of Ulysses with the founder of Lisbon, forcing ety­mologies that would link a Homeric character (already with a Latinized name) to Portugal, has been a way of dignifying the nation, giving it a famous patriarch – like the other male figures that appear, for example, in Os Lusíadas. It does not matter that the character is mythical; after all, “[o] mytho é o nada que é tudo”, as Fernando Pessoa wrote. If the myth­ical Olisipo (Lisbon) then becomes part of the history of Portugal, it also becomes, more recently, a source for reflections that start from a female perspective. This can be seen in short stories such as “A Ilha de Circe”, by Natália Correia, and “Tudo são histórias de amor”, by Dulce Maria Car­doso. In both short stories, the legend that Ulysses’ journey had a stop in Portuguese lands is taken up to highlight, however, the goddesses who would be linked to these places: Circe, in Natália’s short story, and Ophiu­sa in the text by Dulce Cardoso. The two narratives also have in common the fact that they feature a male figure not through the lens of coloniz­ing glory and authority, but rather, to use a very contemporary term, of emotional irresponsibility. We will focus on these points in this essay, linking Olisipo to other possible mythical female genesis of Portugal.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Larissa Fonseca e Silva, Universidade de São Paulo (USP)

Doutoranda em Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP), desenvolvendo tese, com a orienta­ção de Marcia Arruda Franco, sobre os “ecos” d’Os Lusíadas em romances portugueses de autoria feminina ligados às discussões decoloniais. Tam­bém é mestra em Teoria Literária e Crítica da Cultura pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), onde se licenciou em Letras.

References

ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Sousa. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sergio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 222-232.

CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018.

CARDOSO, Dulce Maria. Tudo são histórias de amor. In: CARDOSO, Dulce Maria. Tudo são histórias de amor. Rio de Janeiro: Tinta-da-China Brasil, 2017. p. 111-128.

CORREIA, Natália. A Ilha de Circe. In: CORREIA, Natália. A Ilha de Circe. 2. ed. Lisboa: Editorial Notícias, 2001. p. 41-109.

CORTÁZAR, Julio. A ilha ao meio-dia. In: CORTÁZAR, Julio. Todos os fogos o fogo. Tradução de Glória Rodrígues. Rio de Janeiro: Record/Altaya, 1969, p. 91-100.

CORTÁZAR, Julio. As mênades [Fim de Jogo]. In: CORTÁZAR, Julio. Todos os contos - volume 1. Tradução de Heloísa Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 2021, p. 181-191.

DINIS, António. Viagem ao mito das paixões: A Ilha de Circe de Natália Correia. In: SIEPMANN, Helmut (ed.). Lusophone Konfigurationen, v. 27. Frankfurt: TFM, 2012. p. 311-324.

ELIADE, Mircea. Mito e realidade. Tradução de Pola Civelli. São Paulo: Perspectiva, 2016.

FORSTER, E. M. História de um pânico. Tradução de Saudade e Judith Cortezão. In: BRAGA, Rubem (coord.). Contos Ingleses. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, p. 342-361.

GERSÃO, Teolinda. A cidade de Ulisses. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2017.

GERSÃO, Teolinda. Revisitar a Odisseia e repensar Ulisses. Boletim de Estudos Clássicos, [S. l.], n. 58, p. 11-20, 2013. Disponível em: https:// impactum-journals.uc.pt/bec/article/view/58_1. Acesso em: 30 dez. 2023.

FRANCO, Marcia Arruda. Ulisses e a heteronímia: a afirmação do imaginário. In: Fernando Pessoa: Ensaios. Rio de Janeiro: Fundação Cultural Brasil-Portugal, 1989. p. 1-28.

GUERRA, Amílcar. Questões míticas, literárias, toponímicas e étnicas da Lisboa pré-romana. In: CACHÃO, Mário; GUERRA, Amílcar; FREITAS, Maria Conceição (eds.). Lisboa romana, Felicitas Iulia Olisipo: território e memória. Caleidoscópio: Casal de Cambra, 2020. p. 99-155.

HOMERO. Ilíada. Tradução de Frederico Lourenço. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2013.

HOMERO. Odisseia. Tradução de Frederico Lourenço. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2011.

HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Tradução de Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1991.

KLOBUCKA, Anna. Inventar Mariana. In: KLOBUCKA, Anna. Mariana Alcoforado: formação de um mito cultural. Tradução de Manuela Rocha. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2006. p. 51-77.

LOURENÇO, Eduardo. Psicanálise mítica do destino português. In: LOURENÇO, Eduardo. O labirinto da saudade: psicanálise mítica do destino português. Rio de Janeiro: Tinta-da-China, 2016. p. 25- 79.

MANGUEL, Alberto. Sombras de vulto belo. In: MANGUEL, Alberto. Notas para uma definição do leitor ideal. Tradução de Rubia Goldoni e Sérgio Molina. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2020. p. 97-100.

MANN, Thomas. A morte em Veneza. In: MANN, Thomas. A morte em Veneza; Tonio Kröger. Tradução de Herbert Caro e Mário Luiz Frungillo. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

MIRANDA, Joana. Portugal: construção e reinvenção da nação, Revista Vivência, [S.l.], n. 34, 2008, p. 154-166.

PESSOA, Fernando. Ulysses. In: PESSOA, Fernando. Mensagem. Organizado por Cleonice Berardinelli. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014. p. 23.

PESSOA, Fernando Livro do desassossego. 2. ed. Jandira: Principis, 2019.

PUGA, Rogério Miguel. A odisseia de um mito: diálogos intertextuais em torno da fundação de Lisboa por Ulisses nas literaturas anglófonas. Ágora Estudos Clássicos em Debate, Aveiro, n. 13, p. 145-175, 2011.

SILVA, Larissa Fonseca e. Metamorfoses: deslocamento e pertencimento em “Tudo são histórias de amor”, de Dulce Maria Cardoso. Téssera, [S. l.], p. 64–80, 2021. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/tessera/ article/view/61194. Acesso em: 17 ago. 2023.

VIRGÍLIO. Eneida. Tradução de Tassilo Orpheu Spalding. São Paulo: Nova Cultural, 2002.

Published
2024-07-05
How to Cite
Fonseca e Silva, L. (2024). The female point of view of the legend of Olisipo in the writing of Natália Correia and Dulce Maria Cardoso. Converência Lusíada, 35(52), 50-82. https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1302