Maria Adelaide Fernandes Prata (1822-1881): questões de gênero na poesia de autoria feminina no romantismo português

Palavras-chave: Autoria feminina, Masculinidade feminina, Poesia romântica, Representação de gênero

Resumo

Devido a algumas lacunas que ainda permeiam os estudos de autoria fe­minina, o presente artigo pretende contribuir com o levantamento biobi­bliográfico de escritoras portuguesas do século XIX apresentando alguns dados biográficos de Maria Adelaide Fernandes Prata (1822-1881). Essa es­critora portuense, apesar de quase totalmente desconhecida hoje, publi­cou alguns livros, colaborou com periódicos e almanaques, foi comentada por seus contemporâneos e teve influente participação cultural no Porto romântico. Por isso, este artigo dedica-se a analisar algumas represen­tações de gênero em sua obra, sobretudo no seu livro Poesias (1859). Se­guindo a metodologia dos estudos de gênero, discute-se como essa autora questiona o sistema de gêneros e procura formas de expressar seus de sejos. Destacam-se exemplos de representações de “amizade romântica” (FADERMAN, 1981) entre mulheres.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Eduardo da Cruz, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) / CNPq

Professor associado de Literatura Portuguesa no Instituto de Letras da UERJ, atuando na graduação e na pós-graduação. É bolsista Prociência/UERJ e pesquisador PQ2 do CNPq. Tem doutorado em Estudos de Literatura pela UFF (2013), mestrado em Ciência da Literatura pela UFRJ (2009) e realizou estágio de pós-doutorado na USP (2022). É co­líder do grupo Pesquisas Literárias Luso-Brasileiras (UERJ/Real Gabinete Português de Leitura), pesquisador do grupo ARS – Arte, Realidade, So­ciedade (FBN) e investigador-colaborador no Centro de Estudos Clássicos (FLUL).

Lorena Ribeiro da Silva Lopes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Graduanda em Letras ̶ Por­tuguês/Francês pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pesquisadora júnior do Real Gabinete Português de Leitura com bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian no período de agosto de 2021 até julho de 2022, sob orientação do prof. dr. Eduardo da Cruz (UERJ/CNPq).

Referências

ANASTÁCIO, Vanda. “Mulheres varonis e interesses domésticos” (Reflexões acerca do discurso produzido pela História Literária acerca das mulheres escritoras da viragem do século XVIII para o século XIX). Ariane: revue d’études littéraires Françaises. Cartographies. Mélanges offerts à Maria Alzira Seixo. n. 18/19/20, 2003-2005, p. 537-556, Lisboa: G.U.E.L.F.U.L., 2005.

ANASTÁCIO, Vanda. Almanaques. Origem, géneros, produção feminina. VEREDAS n. 18. Santiago de Compostela: 2012, p. 53-74.

ANASTÁCIO, Vanda. Onde estão as mulheres? Um percurso didático pela história da literatura portuguesa. Convergência Lusíada, Rio de Janeiro, v. 33, n. 48, p. 12-38, jul-dez 2022. DOI: http://doi.org/10.37508/rcl.2022. n48a513. Disponível em: https://convergencialusiada.com.br/rcl/article/ view/513/364. Acesso em: 16 nov. 2022.

ANDRÉ, Carlos Ascenso. Ao contrário de Virgílio: reflexões sobre o feminino n’Os Lusíadas. VEREDAS, n. 6. Porto Alegre: 2006, 33-50.

BÄR, Gerald. ‘Ossian fürs Frauenzimmer’? Lengefeld, Günderrode, and the Portuguese Translations of ‘Alcipe’ and Adelaide Prata. Translation and Literature 22:3. 2013, p. 343-360. Disponível em: https://www. euppublishing.com/doi/full/10.3366/tal.2013.0127. Acessado em: 01 fev. 2022.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Trad. Maria Helena Kühner. Ed. 12. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.

BUESCU, Maria Gabriela. “A poesia ossiânica em Portugal: estudo da sua recepção translatológica”. In: AVELAR, Mário (Coord.). Viagens pela palavra. Lisboa: Universidade Aberta, 2005, p. 227-241. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.2/247. Acesso em: 01 fev. 2022.

CARDOSO, Nuno Catarino. Poetisas Portuguesas – Antologia contendo dados bibliográficos e biográficos de cento e seis poetisas. Lisboa: Livraria Científica, 1917.

CASTELO BRANCO, Camilo. Cancioneiro Alegre de poetas portuguezes e brazileiros. Col. Ernesto Chardron. 2. ed, v. 1. Porto: Lugan & Genelioux, sucessores, 1888.

CASTRO, Zília Osório de; ESTEVES, João (Dir.). Dicionário no feminino (séculos XIX-XX). Lisboa: Livros Horizonte, 2005.

CHAGAS, Pinheiro. Poetas e prosadores. O panorama; 3° ano da 5° série: 1868. p. 202-203.

CRUZ, Eduardo da; CASTRO, Andreia Alves Monteiro de. Revistas literárias do romantismo português: leituras além do cânone. Literartes, [S. l.], v. 1, n. 13, p. 242-269, 2020. Disponível em: https://www.revistas.usp. br/literartes/article/view/172320. Acesso em: 27 set. 2022.

DUARTE, Constância Lima. Arquivos de mulheres e mulheres anarquivadas: histórias de uma história mal contada. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, [S. l.], n. 30, 2007, p. 63–70. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/9136. Acesso em: 21 jul. 2022.

DUARTE, Rui Manuel da Costa Perdigão da Silva Fiadeiro. Cafés Históricos do Porto: a aventura sedentária. Actas do 2º Colóquio “Saudade Perpétua” – Arte, Cultura e Património do Romantismo. Faculdade de Letras da Universidade de Porto, 2019, p. 243-306. Disponível em: https:// www.cepese.pt/portal/pt/publicacoes/obras/arte-cultura-e-patrimonio-do-romantismo-actas-do-1o-coloquio-201csaudade-perpetua201d/ cafes-historicos-do-porto-a-aventura-sedentaria-rui-manuel-da-costa-fiadeiro-duarte-de-cifantes-e-leao. Acesso em: 20 jul. 2022.

FADERMAN, Lillian. Surpassing the love of men: romantic friendship and love between women from the Renaissance to the Present. New York: Quill, 1981.

HALBERSTAM, J. Female masculinity – Twentieth anniversary edition with a new preface. Durham and London: Duke University Press, [1998] 2018.

KLOBUCKA, Anna. Cânone2. In.: FEIJÓ, António M.; FIGUEIREDO, João R.; TAMEN, Miguel (eds.). O Cânone. Lisboa: Tinta da China, 2020. p. 165- 171.

LAURETIS, Teresa de. “A tecnologia do gênero”. Tradução de Suzana Funck. In: HOLLANDA, Heloisa (Org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p. 206- 242.

LOPES, Ana Maria Costa. Imagens da mulher na imprensa feminina de oitocentos: percursos e modernidade. Lisboa: Quimera, 2005.

LOPES, Maria da Graça Videia. “Apresentação crítica”. In: HERCULANO, Alexandre. Poesias de Alexandre Herculano. Lisboa: Seara Nova Editorial Comunicação, 1981.

LOUSADA, Isabel. Imprensa: amplificador da voz feminina. In.: CASTRO, Zília Osório; ESTEVES; João; MONTEIRO, Natividade (coords.). Catálogo do Seminário Mulheres na 1ª República. Percursos, conquistas e derrotas. Lisboa: Edições Colibri, 2011. p. 41- 48.

LUGARINHO, Mário César. O homem e os vários homens: masculinidades nas Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. 2012. Tese (Tese de Livre-docência) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

MOSSE, George L.. La imagen del hombre: la creación de la masculinidad moderna. Trad. De Rafael Heredero. Madrid: Talasa Ediciones, 2000.

OLIVEIRA, Jaqueline da S.; RAMOS, Issac N. A. O anjo doméstico que perturbou as escritoras do século XIX. Revista Athena, v. 19, n. 2, 2020. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/index.php/athena/article/ view/5235. Acesso em: 12 mai. 2021.

PEREIRA, Firmino. O Porto d’outros tempos. Notas históricas – Memórias - Recordações. Porto: Livraria Chardron, de Lello & Irmão, 1914.

PIMENTEL, Alberto. Atravez do passado. Lisboa: Guillard Aillaud, e C.a, 1888.

PIMENTEL, Alberto. O Porto há trinta anos. Porto: Magalhães & Moniz, 1893.

PRATA, Maria Adelaide Fernandes. Poesias [oferecidas às senhoras portuenses]. Porto: Tip. Comercial, 1859.

PRATA, Maria Adelaide Fernandes. O Filho de Deus: narrativa poética. Porto: Tip. Comercial, 1863.

PRATA, Maria Adelaide Fernandes. Resposta ás observações do sr. Alberto Pimentel. A Esperança: semanário de recreio litterario dedicado ás damas, vol. 1. Porto: 1865. p. 106.

PRATA, Maria Adelaide Fernandes. Fingal, poema em seis cantos, vertido de Ossian, seguido de duas cartas escritas pelos poetas Pinto Ribeiro e Sousa Viterbo. Porto: Tip. Comercial, 1867.

PRATA, Maria Adelaide Fernandes. Correspondencia. A Voz Feminina, 3 (Jan.) 1868, p. 3.

PRATA, Maria Adelaide Fernandes. Lamentos. A Mulher n. 4. Nova York: abril de 1881, p. 32.

PRATA, Maria Adelaide Fernandes. O escravo. In: A voz do operário. n. 192, 01/07/1883, p. 3.

PRATA, Maria Adelaide Fernandes. Ao avarento. In: A voz do operário. n. 403, 17/07/1887, p. 4.

QUEIRÓS, Eça de. A emigração como força civilizadora (Prefácio de Raul Rêgo). Lisboa: Perspectivas & Realidades, 1979.

QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. Lisboa: Livros do Brasil, s/d.

QUEIRÓS, Eça de. A Capital. Lisboa: Livros do Brasil, s/d.

SALVADO, João António. O Olhar Colonial em Eça de Queirós: O continente africano na escrita queirosiana. Edições Vieira da Silva: 2016.

SENA, Jorge de. “Para uma definição periodológica do romantismo português”. In: CENTRO de Estudos do Século XIX do Grémio Literário. Estética do Romantismo em Portugal. Lisboa: Grémio Literário, 1974.

SILVA, Inocêncio Francisco da. Diccionario bibliographico portuguez. vol. VI. Lisboa: Imprensa Nacional, 1862.

SILVA, Inocêncio Francisco da; ARANHA, Brito. Diccionario bibliographico portuguez. vol. XV. Lisboa: Imprensa Nacional, 1888.

SILVA, Inocêncio Francisco da; ARANHA, Brito. Diccionario bibliographico portuguez. vol. XVI. Lisboa: Imprensa Nacional, 1893.

TORRESÃO, Guiomar. Almanaque das Senhoras para 1882. vol. 12°. Lisboa: 1881.

VAQUINHAS, Irene. A família, essa “pátria em miniatura”. In.: VAQUINHAS, Irene (coord.). História da vida privada em Portugal, 3 - A Época Contemporânea 3. Lisboa: Círculo de Leitores, 2011. p. 118-151.

Publicado
2023-06-29
Como Citar
da Cruz, E., & Ribeiro da Silva Lopes, L. (2023). Maria Adelaide Fernandes Prata (1822-1881): questões de gênero na poesia de autoria feminina no romantismo português. Convergência Lusíada, 34(49), 101-141. https://doi.org/10.37508/rcl.2023.n49a520