Alfredo Gallis (1859-1910), pequeno naturalista
DOI:
https://doi.org/10.37508/rcl.2021.n46a458Palavras-chave:
Alfredo Gallis, Naturalismo, Literatura Luso-brasileira, Belle ÉpoqueResumo
O trabalho apresenta a trajetória do escritor naturalista português Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910). Homem de letras famoso no final do século XIX e início do XX, Gallis faz parte de uma geração de escritores profissionais que transitava entre a literatura e a imprensa. Publicou dezenas de volumes de contos, assinando com o próprio nome ou com pseudônimos, além de participar ativamente nos principais periódicos da época, escrevendo em prosa e verso. Atuou na administração pública e tinha vínculos com a realeza. Mas nem o vulto da atuação como escritor nem a posição social garantiram a Alfredo Gallis um lugar na história da literatura. Ainda em vida, “manchou” sua imagem por escrever pornografia, principalmente a que assinava com o pseudônimo “Rabelais”. A história de Alfredo Gallis, aqui reescrita a partir de pesquisas recentes, revela um polígrafo capaz de atuar em vários gêneros e estilos textuais. Chamamos o escritor de “pequeno naturalista”, no sentido de que foi rebaixado e esquecido pelos contemporâneos e pela história. Influenciado pelo naturalismo e pelo romance libertino, Gallis escrevia livros para serem lidos por um público amplo, que reconhecia nele um dos escritores mais importantes da cena literária da Belle Époque luso-brasileira.
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