Representações identitárias, história e romance: apontamentos sobre a Geração de 1870 no Brasil e em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.37508/rcl.2023.n49a756Palavras-chave:
Brasil e Portugal, Geração de 1870, civilização, nação, imaginário socialResumo
Nas décadas finais do século XIX, um conjunto de letrados brasileiros e portugueses – a Geração de 70 – ocupou-se em explicar seus países e propor soluções para integrá-los à “marcha da civilização”. Entretanto, seus escritos manifestam uma tensão básica: se, de um lado, França e Inglaterra forneciam o padrão a alcançar por ambas as sociedades, consideradas atrasadas (Brasil) ou decadentes (Portugal); de outro, poderia conduzi-las à perda do “caráter nacional”. No esforço de (re)criar suas respectivas nações, a Geração de 70 deixou, no traço realista do Romance e na escrita objetiva da História, autoimagens do ser português e do ser brasileiro. Ao analisar essas representações identitárias, privilegiou-se o papel central do imaginário social na construção simbólica da comunidade no interior de um discurso localizado social e historicamente.
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