Pessanha correspondente: a máscara do melancólico

Palavras-chave: Camilo Pessanha, Correspondência, Discurso, Melancolia

Resumo

O trabalho visa a leitura de parcela da produção epistolar, em especial a correspondência com Carlos Amaro, do poeta português Camilo Pessanha. Em 1908, seu irmão Manuel é internado por razões psiquiátricas no Porto, e sua sombra passa à correspondência do poeta. O tom de comiseração consigo próprio se acentua, acompanhado de um discurso melancólico. Buscamos analisar tal discurso, valendo-nos tanto de bibliografia a respeito da escrita epistolar, Diaz (2016) e Haroche-Bouzinac (2016), bem como de Starobinski (2016) sobre a melancolia. Concluímos que Pessanha frequentemente constrói sua autoimagem como vítima da melancolia, especialmente atrelando-a à figura fraterna.

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Biografia do Autor

Felipe Frasson Fusco, Universidade Estadual de Londrina (UEL)

É bolsista CAPES/BRASIL, cursando Douto­rado na Universidade Estadual de Londrina, sob orientação da Profª. Drª. Telma Maciel da Silva. Estuda, na tese em curso, a obra de Camilo Pessanha. Entre outubro de 2021 e abril de 2023, foi bolsista de Mestrado com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações – MCTI.

Telma Maciel da Silva, Universidade Estadual de Londrina (UEL)

É professora de Literatura Portuguesa da Universidade Estadual de Londrina. Seus interesses de pesquisa estão voltados para os arquivos e correspondência de escritores. É autora do livro: Posta-restante: um estudo sobre a correspondência do escritor João Antônio.

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Publicado
2023-11-13
Como Citar
Frasson Fusco, F., & Maciel da Silva, T. (2023). Pessanha correspondente: a máscara do melancólico. Convergência Lusíada, 34(50), 55-81. https://doi.org/10.37508/rcl.2023.n50a537