As masculinidades na encruzilhada histórica de Luanda, Lisboa, Paraíso

Palavras-chave: Masculinidades, Colonialismo, Fascismo, Literatura Portuguesa Contemporânea

Resumo

Este ensaio busca contextualizar a ebulição histórica da década de 1980, recorte temporal em que se passa a maior parte da narrativa de Djaimilia Pereira de Almeida, Luanda, Lisboa, Paraíso (2019). Considerando a ocor­rência concomitante de alguns eventos históricos – a colonização, o regime salazarista português e as guerras coloniais de libertação dos países africanos –, intenta-se traçar algumas observações acerca das masculi­nidades vigentes nesse período, bem como dos seus paradigmas e subversões, alocando as personagens do romance, nomeadamente Cartola e Aquiles. Para tanto, recorre-se aos estudos de Rosas (2001), a fim de perspectivar o Estado Novo português; de Lugarinho (2017), que traça a aparição das masculinidades em algumas produções literárias dos PALOPs; e de Stanley (2019), cujo trabalho permite estabelecer parâmetros entre os regimes fascistas globais e a ditadura de Salazar, em Portugal. Evocam-se outros estudos para a elaboração deste trabalho, mas os já citados são basilares porquanto permitem colocar em perspectiva a construção das personagens principais do romance de Djaimilia Pereira de Almeida.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodolpho Amaral, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutorando em Literatura Portuguesa pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ. Mestre em Estudos de Literatura pela UFF. Licenciado em Letras (Português/Literaturas) pela UFRRJ (2015), com período sanduíche na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), o que lhe rendeu uma dupla diplomação.

Referências

ALMEIDA, Djaimilia Pereira. Esse cabelo: a tragicomédia de um cabelo crespo que cruza fronteiras. Rio de Janeiro: Leya, 2017.

ALMEIDA, Djaimilia Pereira. Luanda, Lisboa, Paraíso. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

GABRIEL, Ruan de Sousa. Finalista do Oceanos, escritora portuguesa se inspira em Cartola, O Globo, Rio de Janeiro, p. 6, 5 dez. 2019. Segundo Caderno.

GRUZINSKI, Serge. O pensamento mestiço. Tradução de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

JORGE, Silvio Renato. Literatura, memória e resistência. Diadorim, Rio de Janeiro, v. 1, n. 19, p. 19-29, jan.-jun. 2017.

LIMA, Norma Sueli Rosa. “Esse cabelo” em “Luanda, Lisboa, Paraíso”: Djaimilia Pereira de Almeira e a experiência do desenraizamento na tentativa de integração. Convergência Lusíada, Rio de Janeiro, v. 31, n. 43, p. 12-24, jan.-jun. 2020.

LUGARINHO, Mário César. Paradigmas confrontados: algumas masculinidades nas literaturas africanas de língua portuguesa. Metamorfoses, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 141-151, 2017.

O MUNDO é um moinho. Intérprete: Cartola. Compositor: Cartola. In: CARTOLA. Intérprete: Cartola. Rio de Janeiro: Discos Marcus Pereira. 1976. 1 disco de vinil de 7 polegadas, lado A, faixa 1.

ROSAS, Fernando. O salazarismo e o homem novo: ensaio sobre o estado novo e a questão do totalitarismo. Análise social, Lisboa, v. 35, n. 157, p. 1031-1054, 2001.

STANLEY, Jason. Como funciona o fascismo: a política do “nós” e “eles”. Tradução de Bruno Alexander. Porto Alegre: L&PM, 2019.

VECCHI, Roberto. Legados das memórias da Guerra Colonial: algumas reflexões conceituais sobre a transmissão intergeracional do trauma. Abril, Niterói, v. 5, n. 11, p. 15-23, nov. 2013.

Publicado
2024-07-05
Como Citar
Amaral, R. (2024). As masculinidades na encruzilhada histórica de Luanda, Lisboa, Paraíso. Convergência Lusíada, 35(52), 150-171. https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n52a1308