Figuração de um certo pensamento animal em Carlos de Oliveira e Carlos Drummond de Andrade
DOI:
https://doi.org/10.37508/rcl.2024.n51a1266Palavras-chave:
Carlos de Oliveira, Carlos Drummond de Andrade, Modernidade, Crise, AnimalidadeResumo
O artigo tem por objetivo fazer uma leitura comparativa de crônicas do livro Boca de Luar, de 1984, e de poemas do livro Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade, de 1951, e de textos de Carlos Oliveira, com destaque de Sobre o lado esquerdo, de 1968, e Finisterra-paisagem e povoamento, de 1978. A leitura visa também levantar semelhanças entre a duas poéticas no que diz respeito a uma certa ideia de modernidade que perpassa a obra dos dois escritores. Ideia refratária ao eufórico projeto moderno, positivo e positivista, o que se tornou dominante do fim do século 19 até a metade do século 20. Perspectivada a partir de um modo crítico, a modernidade tardia aparece nos dois poetas modernistas nos indiciados sintomas das crises deflagradas pelo desencanto e desamparo das promessas não cumpridas pelo progresso socioeconômico e tecno-científico anunciado desde o século 18. Fantasmas emergem da razão iluminista em pleno dia. A nossa hipótese de leitura mostra, mediante a construção de possíveis alteridades na figuração de um pensamento animal, outra elaboração – ou perlaboração – de uma intempestiva leitura da modernidade nos textos dos dois Carlos: o de Oliveira e o Drummond de Andrade. O suporte crítico-teórico vem do ensaio seminal de Jacques Derrida do Animal que logo sou e do livro Literatura e Animalidade da professora, pioneira nos estudos sobre literatura e animalidade no Brasil, Maria Esther Maciel.
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