Chamada para nº 55 - Viagens ao futuro: profecias e projeções

2024-08-20

Viagens ao futuro: profecias e projeções
Organizadores: Paulo Braz (UFRJ) e Rodrigo Denubila (UFU)

Prazo para submissão: até 30 de junho de 2025
Publicação prevista para: jan de 2026

Ruy Belo certa vez escreveu que “O Portugal futuro é um país / aonde o puro pássaro é possível” (BELO, 2009, p. 266). O autor de Toda a Terra foi, como se costuma dizer, um artista à frente do seu tempo, e as suas palavras não só propunham um Portugal ainda inexistente, mas faziam emergir, no instante mesmo da ação lírica, um país por vir. À sua maneira, o poeta escrevia o futuro.

Pensar, sonhar, escrever, imaginar, predizer o futuro é tarefa a que desde sempre a literatura se dedicou. Seja através dos livros proféticos, de discursos utópicos, da livre imaginação fantástica ou das projeções da ficção científica, o tempo por vir faz-se continuamente matéria de vivo interesse. Na literatura portuguesa, abundam exemplos de obras que se voltam para o futuro nele encontrando um centro irradiador de sentidos para se pensar a História, desde a notável História do futuro, de Padre António Vieira, às releituras do mito profético sebastianista por Fernando Pessoa, da visão da máquina do Mundo, n’Os Lusíadas, de Camões, a expressões literárias contemporâneas que projetam mundos possíveis, como Alexandra Lucas Coelho, com A nossa alegria chegou, ou Hífen, de Patrícia Portela.

Sob essas perspectivas, frisamos que, para este número da revista Convergência Lusíada, serão aceitos artigos que versem sobre projeções do futuro na literatura portuguesa, com possíveis diálogos comparativos. Serão consideradas temáticas que abordem desde profecias e teleologias às modernas poéticas visionárias; das estéticas futuristas às narrativas distópicas do Ocidente; das viagens no tempo das obras de ficção científica a toda sorte de textos que reflitam sobre o destino de indivíduos, de sociedades e da humanidade. Objetivamos, portanto, com este dossiê, problematizar o papel do futuro na literatura portuguesa assim como a conexão entre visões proféticas e projeções humanas de futuro para, assim, pensarmos o hoje conectando-o ao ontem e ao amanhã.